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ABRIR MÃO X ABRIR A MÃO

Posted by J.A on 03:57 in

A gente tem ouvido muito sobre como alguns cultos têm se transformado em ambientes teatrais. O post “Deus, eu e minha superficialidade” um pouco sobre o assunto. Agora, vamos refletir um pouco sobre um outro “ponto” relacionado a superficialidade de alguns cristãos. Enquanto uns dizem que, devemos abrir a mão para que Deus derrame suas bênçãos sobre nós (“faz conchinha, irmão!”). Há aqueles (fundamentalistas, para alguns) que dizem que temos que, na verdade, abrir mão. Ah... o que eu acho e de que lado estou? Hum... Vamos à Bíblia?!
Lc 6.46: E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?
Temos visto muito em nossos dias uma teologia que nos apresenta Deus como alguém que, distante, retém bênçãos em suas mãos e que só as dá se pedirmos muito, a ponto de o comovermos. Ainda, outros mais espertos, não se humilham, mas buscam na lei (Antigo Testamento) versos que provam o seu direito as “tais bênçãos” e, então, exigem de Deus.


Toda essa teo-ria baseia-se no plano da realidade, em objetos, bens materiais. Para os que defendem este entendimento, o reino de Deus deve ser visto em nós por meio de prosperidade material, bens de consumo. No antigo testamento Deus agia dessa forma com o povo de Israel, o Senhor dos Exércitos se fez conhecido entre as nações daquela época por meio de seus feitos no meio do seu povo. Lembremos aqui que, tudo isso era apenas um prenúncio do que viria. Deus se manifestava desta maneira como que comunicando o que Ele estava preparando para nós em seu reino. Como Jesus ainda não tinha descido a Terra era preciso que se pensasse o reino de Deus a partir dos elementos que faziam parte da realidade que o homem tinha acesso até aquele momento. Com Jesus, temos um elo entre o reino dos céus e a Terra, sendo assim, Cristo causa espanto e estranheza entre os judeus. A partir do momento em que Ele esteve aqui na terra, não é mais preciso que pensemos nossa relação com Deus se baseando em elementos materiais, mas no espírito. No evangelho segundo Mateus temos o registro desses momentos em que Jesus fala esse assunto.
Mat 8.19 E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei.
20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai.
22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos.


Agora, o que isso tem a ver com abrir mão ou abrir a mão? Espero que até o final deste texto você encontre a resposta. Neste episódio, Jesus acabara de fazer alguns milagres e formou-se uma multidão a sua volta. Então, Ele ordenou a seus discípulos que partissem para o outro lado do mar. No momento que toma essa decisão a cena acima acontece. “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” Você leu o que Jesus disse para aquele escriba? Pediu que este abrisse mão de seu conforto; e em seguida disse a outro para que o seguisse abrindo mão de sepultar o próprio pai!


Outro detalhe que podemos perceber nesse trecho é que Jesus, sendo Deus, estava na condição de humano pobre! E isso fora profetizado por Isaías (53 – 1:2). Como assim?! Ele é o mesmo Deus que disse “aonde vocês pisarem a planta dos pés, possuireis”... Incrível mesmo, né? É... talvez a palavra não seja bem “incrível” porque cremos, amém? ... Ele abriu mão de toda a sua glória para vir até nós!... E nós o matamos... Leia Isaías.

Aí, em Êxodo, Moisés recebeu de Deus os dez mandamentos. Aí, essa lei (10 mandamentos) recebeu uma série de outros “artigos” em Deuteronômio, como se fosse a interpretação. Aí, Jesus vem aqui na terra e faz o Sermão da Montanha, aplicando essa lei e a interpretação que a deram à realidade dos habitantes deste planeta. No meio desse sermão Ele diz:
Mat 6.19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.


(Você está comigo?) Então continuemos... Parece que o caminho para o reino dos céus transfere os investimentos, não é mesmo? Se antes, no Antigo Testamento Deus se relacionava com o seu povo a partir de elementos materiais e literais (que eram prenúncios do que se cumpriu com Cristo), agora Ele abria outro caminho, um caminho para uma relação mais próxima e íntima.


Sabemos que o que é material se acaba. As riquezas que o povo de Israel conquistava são perdidas de uma página para outra na Bíblia, vemos o povo vencer e perder. A soberania de Deus fez o povo judeu ser conhecido entre muitos reinos por suas riquezas e vitórias. Mas não era o principal propósito de Deus para o ser humano. Não recebemos por herança o ouro e a prata de Salomão, nem as propriedades de Abraão, nem mesmo o templo valiosíssimo em que a presença de Deus era manifestada literalmente, mas por meio dos episódios do Antigo Testamento entendemos a Vontade de Deus para nós hoje. E parece-nos que essa vontade não diz respeito à riqueza material:
1Jo 2.15 Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
17 E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a Vontade de Deus permanece para sempre.
E, graças ao acesso que a presença de Cristo na terra – sua morte e Ressurreição – nos conferiram, podemos vislumbrar o céu, entendendo que aqui (nessa realidade) tudo se acaba. Aqui muita coisa se corrompe, mas existe uma eternidade para vivermos plenamente em comunhão, sem pecado, lugar incorruptível.


Jesus abriu mão de sua glória para vir a terra morrer por nós. Aqui, ele disse que se quisermos segui-lo, temos que abrir mão de nós mesmos.
Lc 9.23 E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.


Jesus abriu a mão, e pregaram-na naquela cruz. Hoje nós abrimos a mão para exigir mais dEle? Pedir mais para vivermos bem aqui na terra (Leia Tiago 4.3). Devemos sim abrir a mão, mas para dar. Opa! Parece que isso também se tornou um problema... Não, Deus não quer o seu dinheiro. Ele apenas espera a sua gratidão. Há um texto que encerra muito bem essa questão de abrirmos a mão. Lembram-se dos fariseus? Eram religiosos “irrepreensíveis” diante da religião judaica, mas diante de Jesus foram “desmascarados”, porque Jesus via os corações.
Lc 7.36 E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa.
37 E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
38 E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento.
39 Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
40 E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre.
41 Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta.
42 E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?
43 E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem.
44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos.
45 Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.
46 Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento.
47 Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
48 E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados.
49 E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados?
50 E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.

O que temos feito com a verdade do cristianismo? Será que estamos dispostos a abrir a mão a Deus ao invés de abri-la para Deus? O que temos oferecido a Deus, uma vez que Ele ofereceu-se a si mesmo? Não oferecermos como pagamento, pois jamais pagaríamos, mas oferecermos como gratidão. Não temos o direito de exigir nada, antes Ele que deveria nos exigir não o fez. Sejamos agradecidos e não filhos insatisfeitos e pedintes.


Concluindo, (depois de uma pregação dessas de 1h...) há um texto que encerra esse nosso diálogo melhor do que eu poderia. Paulo, ao escrever aos coríntios (1Cor 8), fala sobre as igrejas da macedônia, que mesmo na pobreza material de seus membros ofertaram de seu pouco muito, sendo bênção para outros; ”Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade” (v.2). Neste versículo, ele se refere ao conhecimento de Deus que produziu a gratidão nos macedônios manifestada em generosidade. A seguir, dois versículos deste mesmo capítulo que nos chamam muito atenção.
5 E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela Vontade de Deus. [...]
9 Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis.

É isso. Resumidamente... Leiam os textos sugeridos observando texto e contexto... Pesquise...
Abraço [de Isaque] a todos!
Henrique.

Continua...



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1 Comments


olá,
alguém leu?
interessante persarmos sobre o assunto...
O artigo parece longo, mas vale a pena ler!

abraço[de Isaque] a todos!

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